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Ex-prefeito nega qualquer responsabilidade pela tragédia da Kiss

Manifestação incomodou familiares das vítimas, que se retiraram do plenário
09/12/2021
Portal Adesso - Foto: Reprodução/TJRS

     Arrolado não como réu, mas como testemunha de defesa de Elissandro Spohr, o ex-prefeito de Santa Maria, Cézar Schirmer (MDB), hoje secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos de Porto Alegre, negou qualquer responsabilidade pela tragédia da Boate Kiss, durante o julgamento do caso, nesta quarta-feira (08). Ele chegou a ser indiciado no inquérito policial da Kiss, mas não foi denunciado pelo Ministério Público (MP). 

     Em seu pronunciamento, Schirmer afirmou que “A prefeitura não tem nada a ver com extintor, espuma, barra de contenção”. Para o ex-prefeito, a investigação policial foi “medíocre e espetaculosa”. “O inquérito não tinha nenhuma coerência. A polícia indiciou o chefe da fiscalização e não indiciou a secretária da Fazenda. Era notória a má vontade da polícia”, criticou. Em certo momento, a fala adquiriu um tom essencialmente político, com direito à leitura de uma lista de feitos do então prefeito em Santa Maria. A manifestação, no entanto, foi contida pelo juiz Orlando Faccini Neto, que pediu ao depoente foco nos tópicos relacionados ao julgamento.  

     O depoimento de Schirmer incomodou muitos dos familiares das vítimas que estavam na plateia. Em protesto, algumas pessoas deixaram o plenário. A mãe de um dos mortos na casa noturna sentiu-se mal e precisou de atendimento médico. O presidente da Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Kiss, Flávio Silva, foi sucinto quando perguntado sobre as declarações de Schirmer: “Nos causou náuseas”, definiu. “É uma atitude que revolta a gente. Ele deveria ter tomado algumas atitudes como gestor, quando ocorreu a tragédia e isso ele não tomou”, declarou.

     A etapa de depoimentos de vítimas e testemunhas foi finalizada com a palavra do promotor de Justiça Ricardo Lozza. Depois disso, o júri seguiu com o início do interrogatório dos réus e o primeiro foi o sócio da Kiss Elissandro Spohr. Em um momento de fala bastante emocionada, chegou a desabafar, chorando: “Querem me prender, me prendam”. Relatou que não sabia que a banda Gurizada Fandangueira fazia shows com pirotecnia e que não assistia à apresentação no momento que o incêndio começou. Disse ainda que não escreveu uma manifestação pública por vergonha: “Não tem explicação que eu consiga dar. Eu fiquei como culpado. Vou falar o quê? Eu não tive mais contato com amigos meus”, relatou. “De lá, fui para Tramandaí. Fiquei três anos sem sair de casa”.

     Os demais acusados seguem sendo ouvidos nesta quinta-feira (09). A estimativa de término do julgamento é no fim de semana.


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