Leia história contada pelo radialista Rogerio Bohlke da Rádio Guaíba que detalha o fato ocorrido no estádio Alcides Santarosa em 1993

     Leonardo Gaciba, hoje, um dos melhores comentaristas de arbitragem do Brasil, foi um dos grandes árbitros brasileiros dos últimos tempos. Um dos dois maiores, sem dúvida. O outro, indiscutivelmente foi Carlos Simon.

     Leonardo Gaciba da Silva, que nasceu em Pelotas, em 26 de junho de 1971, e completou assim, recentemente 45 anos, começou apitando no futebol colonial de Pelotas.

     Gaciba começou a apitar jogos profissionais no futebol gaúcho, ali por 93, 94. Certa feita, logo na sua primeira temporada, foi trabalhar num jogo do Guarany de Garibaldi, numa quarta-feira à noite, no acanhado estádio Alcides Santa Rosa. O time do Garibaldi era fraco mas não admitia perder em casa. Naquela noite perdeu e resolveram botar a culpa na arbitragem. Após o jogo, dirigentes e torcedores, descontaram no trio de árbitros, que apanhou, e só conseguiu sair do estádio num camburão da Brigada Militar, quase meia noite.

     Após o registro da ocorrência policial, Gaciba e os dois bandeirinhas voltaram a Porto Alegre e só chegaram na capital por volta da meia noite. O último ônibus da empresa Embaixador que fazia a linha Porto Alegre/ Pelotas saia a meia noite e Gaciba não conseguiu apanhá-lo, tendo que dormir num destes hoteizinhos da "meia estrela", ali próximo a Estação Rodoviária, só retornando para Pelotas na manhã seguinte.

     Dias depois, o caso foi a julgamento e Gaciba intimado a depor no Tribunal de Justiça.

     Avisado por telefone pelo seu Diretor de Arbitragem , o já saudoso José Luiz Barreto, sempre favorável a punições severas para os casos de agressão, foi sendo avisado:

     -Olha aqui o guri, tu vem e fala toda a verdade. Não esconde nada. Conta como foi tim-tim por tim-tim, para eles pegarem uma pena dura.

     Gaciba, ainda um rapazote, saiu-se com essa, então:

     -Mas seu Barreto, pra lhe falar a verdade. Eu queria até agradecer esse pessoal lá de Garibaldi...

     -Mas como !- disse Barreto.-Tu apanha e ainda quer agradecer, tu tá louco ?

     -Não seu Barreto, mas é que se eu não tivesse apanhada lá, naquela noite, eu poderia nem estar vivo. Graças a aquela confusão, eu acabei chegando tarde em Porto Alegre e perdi o último ônibus para Pelotas. E aquele ônibus que eu ia pegar se acidentou e morreram oito. E eu podia ser um deles. Então eu queria até agradecer e esse pessoal do Guarany de Garibaldi

    Barreto só teve que rir, mas "intimou" mesmo assim aquele guri "sortudo" de Pelotas.