Saúde

CPI dos Médicos é protocolada em Bento Gonçalves

Supostas irregularidades e gravações que comprovariam problemas vão ser investigadas na Câmara
08/03/2019
Portal Adesso - Com informações do Jornal Pioneiro - Foto: Divulgação

     Denúncias contra a empresa terceirizada Atena Serviços Médicos que é a responsável pela gestão da saúde em Bento Gonçalves vão ser investigadas em uma Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI,  que deverá ser instalada na Câmara de Vereadores da cidade. O requerimento solicitando a abertura da investigação foi protocolado pelo vereador Moacir Camerini (PDT).

     No pedido feito pelo vereador consta que existe gravação de um áudio durante reunião entre médicos e um representante da empresa terceirizada que apontariam possíveis problemas na gestão da UPA. O secretário da Saúde, Diogo Segabinazzi Siqueira (PSDB), estima que a reunião ocorreu entre agosto e setembro do ano passado. Entre as supostas irregularidades estão a ausência de diretor técnico na unidade, a não exigência de capacidade técnica para a contratação de médicos pediatras e intervencionistas e que a UPA não teria um responsável técnico junto ao Cremers, o Conselho Regional de Medicina do RS.

     Em um trecho da gravação, uma das médicas comenta que a sobrecarga dos médicos pode contribuir para a morte de pacientes. "Vai morrer alguém? Vai, infelizmente! A gente só aprende errando. O vereador do PDT afirmou que  recebeu a gravação de 45 minutos de uma médica que participou da reunião e que mostra a interferência do governo municipal na gestão da empresa responsável pela administração da UPA. "Se ficar comprovado que eles (Executivo) interferiram na contratação de pessoas e flexibilização de horário, o prefeito e o secretário podem responder por crime de improbidade administrativa. Essa CPI não vai virar em pizza. Vamos ouvir até o prefeito. São denúncias gravíssimas ", afirmou Camerini. O áudio foi tornado público durante audiência pública da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde, realizada no dia 26 de fevereiro. O conteúdo foi encaminhado aos Ministérios Públicos Estadual e Federal.

     Além de Camerini, assinaram a abertura da CPI outros seis vereadores: Agostinho Petroli (MDB), Idasir dos Santos (MDB), Elvio de Lima (MDB), Marcos Barbosa (PRB), Gustavo Sperotto (DEM) e Moisés Scussel (PSDB), ex-líder do Governo Pasin na Câmara Municipal. Elvio de Lima protocolou a retirada de seu nome do requerimento ainda na sexta-feira, depois das 16h. Camerini diz que não há como retirar a assinatura. Mesmo no caso da retirada, seguiria mantido o número mínimo para a abertura da CPI.

Contraponto:


Secretário da Saúde, Diogo Segabinazzi Siqueira

"O contrato exige o pedido de médicos especialistas em algumas partes e dentro da UPA vamos ter algumas categorias lá dentro. A gente faz a divisão de M1 (classificação de exigência técnica para fichas verdes e azuis) e M3 (classificação de exigência técnica para especialidades e casos complexos) onde existem médicos que atendem aos requisitos desde atender a crianças, os casos mais graves na sala vermelha, ou pacientes amarelos, tem essa diferenciação para pacientes verdes e azuis. Existe uma divisão. A capacidade técnica é exigida, sim, para todos os casos, mas obviamente nem todas as pessoas que atendem a crianças vão ser pediatras. Eles estão como clínico geral, mas atendem também à pediatria. O diretor técnico (pela prefeitura), hoje, é o médico Rafael Massuti, a gente acredita que essa gravação é antiga, de agosto ou setembro. O outro médico que era o coordenador estava saindo da coordenação, já estava se exonerando. Acho que pode ter dado uma confusão nessa conversa. O diretor técnico (da empresa) a gente pediu para trocar."

Coordenador da UPA pela empresa, Amauri Vargas

"Estou tomando conhecimento das denúncias esta semana. As pessoas que participaram daquela gravação não fazem mais parte da UPA desde o final de 2018. Agora não há nenhuma irregularidade na UPA."



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