A Promotoria de Justiça de Farroupilha deflagrou, na manhã desta quarta-feira (19), a operação Peter Pan, que busca combater fraudes e desvio de dinheiro de cooperativas habitacionais. O alvo da investigação foi o vereador de Farroupilha Raul Herpich (PDT). A ação, coordenada pela promotora Jeanine Mocellin, buscou indícios de desvio de mais de R$ 1,1 milhão das Cooperativas Habitacionais Terra Nostra e Meu Pedaço de Chão, presididas e administradas por Herpich. Integrantes do Ministério Público (MP) realizaram buscas no gabinete do vereador, em um escritório de contabilidade e em uma residência no centro da cidade. As primeiras informações dão conta que foram efetuados mais de 1,200 depósitos, de baixos valores, nas contas do vereador, da esposa e dos filhos.

     Foram cumpridas ordens judiciais de sequestro de bens e valores, incluindo contas bancárias, cinco automóveis, dois apartamentos e quatro box de garagens. O objetivo é que seja feito o ressarcimento aos cooperativados no final do processo. Segundo informações MP, o dinheiro desviado seria usado para pagamentos de viagens particulares, jantares e abatimentos de saldos negativos em contas bancárias.

     Em depoimento prestado ao MP em 2017, Herpich declarou que as cooperativas tinham 5.790 associados, dos quais era cobrada uma quota mensal de R$100, para adquirir um terreno. No total, a arrecadação mensal era de R$579 mil. Os pagamentos eram realizados pelos cooperados em cheques ou dinheiro vivo diretamente para o vereador. Atualmente há 44 grupos de associados e 44 contas bancárias, englobando as duas cooperativas. Em entrevista as promotoras disseram que possivelmente o vereador acreditava na impunidade, uma vez que realizava os depósitos diretamente em suas contas e de familiares. Ainda segundo as promotoras do caso, os valores desviados podem ser maiores, pelo fato de parte dos valores ser em espécie e não ter sido declarado pelos investigados.

     Herpich continuará como presidente das cooperativas. O MP pediu seu afastamento, mas a justiça negou. A determinação deveria partir dos próprios associados. Já a Câmara de Vereadores de Farroupilha divulgou uma nota oficial sobre o assunto.

     "O vereador presidente, Sandro Trevisan vem por meio desta nota informar que na manhã do dia 19 de junho de 2019, agentes da polícia civil munidos de um Mandado de busca e apreensão estiveram na Sede do Poder Legislativo Municipal para análise de documentos contábeis referentes a um suplente de vereador, cujo nome segue em sigilo por orientação jurídica.

     Salientamos que o motivo do Mandado, emitido pela Vara Criminal de Farroupilha NÃO possui referência ao trabalho parlamentar realizado pelo mesmo, mas para averiguação de questões particulares, a qual não nos compete comentar. Reiteramos a plena cooperação da Casa Legislativa junto à diligência durante toda a operação, seguindo com este comportamento sempre que nos for solicitado pelo Poder Judiciário. Estimamos o esclarecimento dos fatos o mais breve possível e reforçamos o nosso compromisso com a transparência dos atos públicos realizado pela Instituição, bem como por cada parlamentar municipal desta cidade".